Dois filhos de Francisco e Globo de Ouro

Dois filhos de Francisco

Olga foi maquiado, embalado e vendido como uma superprodução hollywoodiana. Campo de concentração, nazismo e a ditadura ajudaram na dramatização da história.
Mas foi contando uma história simples, humilde, verdadeira e originalmente nacional que Dois filhos de Francisco conquistou o Brasil.
Não é modo de dizer não. O filme trouxe pessoas ao cinema que se quer tinham acesso à sétima arte, pessoas que moram na zona rural e até, aqueles que não são fãs da música sertaneja. Todos esses, brasileiros que se emocionaram com a história tão bem contada, de dois irmãos que ganham o país em busca da fama.
Temos que admitir que uma cinebriografia de dois cantores sertanejos tinha tudo para dar errado. Mas não deu. Acredito que nem mesmo os produtores do filme (no qual incluo a dupla que inspirou a história) acreditavam que o filme levaria cinco milhões de pessoas ao cinema, assim se tornando a maior bilheteria de um filme nacional dos últimos vinte e cinco anos.
No filme, somo apresentados ao drama da família Camargo para sustentar seus filhos. Nessa situação, Francisco resolve dar uma vida melhor aos seus filhos, incentivando dois deles a montar uma dupla sertaneja. A partir daí, a história se estende por mais de três décadas na vida de Francisco e seus filhos.
A direção de Breno Silveira é excelente fazendo com que o filme não se transforme episódico ou perca o centro da narrativa. Porém, seu maior mérito é terminar o filme no momento certo. A partir (pule de parágrafo caso não tenha visto o filme ainda) do momento em que a música da dupla toca na rádio, eles se tornam o Zezé di Camargo e Luciano que nós conhecemos da televisão, então não há necessidade de ser mostrado no filme o que acontece com eles a partir dali. Sendo assim Breno Silveira decide, acertadamente, contar o que aconteceu com a dupla, pelos letreiros finais.
Mas não posso deixar de comentar dois aspectos importantes do filme: o primeiro é a trilha sonora. Não sou fã de música sertaneja, mas confesso que não consegui tirar as músicas tocadas no filme, da cabeça. As músicas são perfeitamente encaixadas na história, como por exemplo: em certo momento do filme ouvimos o verdadeiro Zezé cantando um dos maiores sucessos da dupla e ao mesmo tempo, vemos a dupla de garotos ensaiando essa mesma música.
O segundo aspecto reside nas atuações de todo elenco, sem exceção. Ângelo Antônio (Francisco) e José Dumont (Miranda) dão base ao filme e suas ótimas atuações são muito importantes para o envolvimento da história. Até os garotos estão bem e Macio Kielieng reproduz todas as feições e trejeitos do verdadeiro Zezé.
Dois filhos de Francisco foi escolhidos pelo Ministério da Cultura para nos representar na festa do Oscar. Talvez não consigamos a vaga, mas será que isso realmente importa? O que importa é que o brasileiro conseguiu superar o preconceito bobo pelo cinema nacional e transformou esse filme em um enorme sucesso.
Quem disse que só sentimos orgulho de ser brasileiro quando ganhamos a Copa? Assistindo a esse filme, você certamente sentirá orgulho de morar em um país em que as pessoas não ligam se sua origem financeira é ruim ou se todos ao seu redor não acreditam em seu potencial, mas o que realmente importa é lutar pelo seu objetivo.

PREVISÕES GLOBO DE OURO (VENCEDORES)

Meryl Streep e Nicole Kidman, as duas melhores atrizes da atualidade

Melhor Filme - Drama: Brokeback Mountain

Melhor Filme - Comédia/Musical: Walk the Line

Melhor Diretor: Ang Lee, Brokeback Moutain

Melhor Ator - Drama: Philip Seymor Hoffman, Capote

Melhor Ator - Comédia/Musical: Joaquim Phoenix, Walk the Line

Melhor Atriz - Drama: Felicity Huffman, Transamerica

Melhor Atriz - Comédia/ Musical: Reese Witherspoon, Walk the Line

Melhor Ator Coadjuvante: Paul Giamatti, Cinderella Man

Melhor Atriz Coadjunvante: Racheal Weisz, The Constant Gardener

Melhor Roteiro: Crash - No Limite

Melhor Trilha Sonora: King Kong

Melhor Música: "There's nothing like a show on Broadway", Os produtores

Melhor Filme Estrangeiro: Tsotsi (África do Sul)