Lovegood e Filme Nacional

Passada a badalação das indicações ao Oscar, eu fui ao cinema pela primeira vez no ano. Acredito que nos últimos três anos, nunca tinha ficado tanto tempo sem ir ao cinema. A última vez que fui, foi em meados de Dezembro, para assisitir ao King Kong!
O filme que assiti foi o nacional Se eu fosse você e além da crítica, veja também a foto da atriz escolhida para viver Luna Lovegood, em Harry Potter e a Ordem da Fênix que por sinal, começa a ser rodado semana que vem.

Se eu fosse você

Uma vez por ano, a produtora Globo Filmes decide chamar a “nata” dos atores globais para estrelar uma produção leve e descompromissada, que trará o grande público ao cinema.
Nos últimos dois anos, os filmes realizados foram Sexo, amor e traição e Meu tio matou um cara. Esses dois apresentam uma visível semelhança com Se eu fosse você. As três produções utilizam o humor da teledramaturgia da emissora REDE GLOBO, dando a impressão que estamos vendo na realidade um especial de final de ano da emissora carioca e não um longa metragem.
Mas fica claro que Se eu fosse você é feito para o público se divertir no cinema. Porém, o roteiro se revela completamente falho e repleto de glichês.
O primeiro grande problema reside no personagem vivido por Glória Pires, Helena. Ela além de rica, trabalha com um grupo de garotas em um coral clássico, vai ao cabeleireiro conversar com as amigas, faz compras no shopping com a mãe, tem empregada para cuidar da casa, apenas uma filha para criar e também, mantém um bom casamento com seu marido. Agora, como podemos entender que uma mulher como essa pode precisar de um psicólogo e que está infeliz com a vida que leva? Será que a vida tranqüila é tão horrível assim?
No entanto, temos que entender que o único objetivo do filme é fazer rir e posso dizer que ele não consiga atingir esse objetivo de forma satisfatória, mas mesmo assim consegue render alguns bons momentos.
Esses momentos são quase todos dedicados ao excepcional ator Tony Ramos, que consegue fugir do caricato ao captar os trejeitos e manias que as mulheres assumem na vida real e também nos filmes. Em alguns momentos do longa, vemos Tony dizendo “Seu grosso!” e também “ Jura doutor ?”, frases essas que são claramente ditas normalmente por figuras femininas.
Já Glória Pires não consegue o mesmo efeito ao imitar as manias dos homens, pois a única característica que o roteiro parece ter notado na personalidade masculina é a de gritar com os outros motoristas no trânsito.
Mas, tentando esquecer que a trama de “mudança de corpos” já é totalmente absurda, o motivo para que a tal transformação aconteça consegue ser ainda mais absurda. Tudo bem que cair em uma banheira com maquiagens de mulher (Do que as mulheres gostam) ou um bolinho chinês (Sexta – feira muito louca) não fazem muito sentido, mas inventar que tudo que aconteceu tem relação com os movimentos dos planetas do Sistema Solar é chamar o espectador de idiota.
Tenho que ressaltar também, que os personagens que sofrem a tal modificação não tentam encontrar a solução para o tal mistério. Depois de ir ao psicólogo (que não acredita neles) e uma amiga de infância (que não dá nenhuma explicação), o casal desiste de achar a solução e parecem decididos a viverem daquele modo até o fim de suas vidas.
No entanto, devo destacar a cena da apresentação do coral de Helena, que se revela como a cena melhor filmada de toda a fita, já que o montador consegue captar os ângulos certos nos momentos certos com uma exata precisão. Não é à toa que essa cena seja repetida nos créditos finais, vista de vários ângulos (semelhante à função multianglo dos Dvds).
Mesmo com a qualidade ruim desse filme, fico feliz que ele tenha sido feito, já que ele está fazendo um enorme sucesso nas bilheterias nacionais e um sucesso nacional é sempre bem vindo.